Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



domingo, 20 de maio de 2012

caso não haja depois


pode entrar como um grande soco de nocaute ou invadir com delicadeza todas as horas, todos os dias. ofereça seu ombro à minha sombra, afugente, me faça sentir sua falta, que transporto na memória nossos dias, vingo- me. banhe-me com surpresas, solidão e uma caneta que crie caminhos inesgotáveis, entardeça em uma igreja, rapte-me como se fosse o Mississipi, ferindo-me com as coisas que disse, faça promessas de flores, enlouqueça a realidade. cultive as pétalas que caem no sopé das montanhas. Seja um apache em meu coração, nunca se renda. aprendi a comer espinhos, tocar as ondas, mover-me como o vento, alçar voo, pega-ló através da neblina. encha o peito de bordados, ruas, praças, fogo, água. enquanto estiver dentro da sua cabeça, caso não haja depois, cuide da minha vida como se o cabelo sem a pele pudesse se quebrar...



Autor: Vânia Lopez



cá entre nós


devidamente penteada
maquiada e bem vestida
um bom salto para dar moral
(de primeira necessidade)
dou uma geral no quarto
abro a janela para ventilar
(saio) pronta para me tornar amiga de infância
da atual do meu ex
felicidade maior que o ser humano pode sentir!
(só quem tem ex pode entender)
já não tem a menor importância (verdade)
num rompante decido deixar a fome na África
Beethoven e Wagner proibidos
Vodca muita vodca, água nem pensar!
quero matar.
amizade com atual do ex?!
é como futuro: não chaga nunca!
beira a desumanidade...
(é pouco provável, mas nunca se sabe)
tão mais simpático olho por olho...
misturando “você” com “tu”
chego perto e sussurro: “vadia” (fica divino)
junto os flanelinhas para te chamar de tia
numa questão de bom gosto
indico uma dieta da lua
numa fazenda ao sul do Afeganistão
(dificilmente vai encontrar uma vaga para estacionar)
oro com força para que ela permaneça nos 34
com cara de 100...

no dia seguinte mando um bilhetinho:
“amiga, se no pileque fiquei estranha, esqueça!
foi tudo para facilitar... tive medo de você cair
quebrar uma perna. esse sofrimento não tem explicação...
antes eu do que você. (juro)”
com tal convicção que até eu mesma acredito!
(aprendam) fica mais barato e não se perde o ex!

cá entre nós (Deus):
Elegância é isso, gente!
fico esperneando de alegria...
e não se fala mais no assunto.


Poema de Vânia Lopez



Ah, é?


num quase-silencio
juntei aquela saia preta justa
de causar reboliço quando passa
o ursinho de vítima de terrorista
mas o que mais dói é a jaqueta di-vi-na
(de contrabando)
o sobretudo bordado por criancinhas da Indochina
a camiseta de passeata pela paz
o óculos finíssimo de camelô
a meia extremamente extravagante
que tu comprou na loja da esquina
rasguei (todas) as nossas fotos que atravancavam o PC
a tua amor, limpei com saliva
mais redonda que cachaça, desapeguei de tudo!
não pergunte por quê...
(puro atraso de vida)
consegui colocar tudo na bolsa importada de Marrakesh
bíblia, terço, jejum, o Corão
naquela bolsa companheira de tantas aventuras
que a alça não caí e o zíper não emperra
tudo na mais perfeita ordem
nesse dia coloquei meu vestido mais sexy
(de ressaca) enviei um buquê de lírios-de-santa-rita
num míssil de generosidade
doei tudo para um bazar de (ex)
com dois tubos de cola
entupi as fechaduras do bazar...
e tome vingança.
esse tipo de vingança é um verdadeiro primor,
(a ser aperfeiçoado, se for o caso)

(vingança) dedicada às bonitinhas
que se engraçam com ex-namorado

... que elas prescrevam (todas)
Glória essa que saberei agradecer ouvindo Vivaldi

(coro) gentilmente Amém!


Poema de Vânia Lopez