Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Escrever

Escrever poesia
Como quem escreve
Um livro tombo,
Ter olho pra tudo,
Pra quem corre certeiro
Ou toma um tombo.
Ter olho pra tudo,
Até mesmo pro pombo.

Escrever poesia
Como quem chora
Ou se devora
Louco sem deus ou memória,
Culto de súplica e prece
Sem pai, pão ou perdão,
De quem não vive sem pressa
E só crê e obedece
Ao rito livro das horas
De um herege.

Escrever poesia
Onde nada é imorredouro
E tudo é sujo, sujo, sujo
Como um matadouro
Mundo imundo,
Sorvedouro.

Anotar todo nome
E a garatuja suja,
Vasto palavrório
Inútil
E o palavrão
Sempre útil
Na rua ou no escritório
Da massa inconsútil
Comedida e comezinha.

Escrever poesia,
Todo o logradouro
Ilustre ou anônimo
De gente, topônimo,
Escol, escória
Que aparece e some
Cadente
Neste livro de ouro.

Escrever poesia
Em confronto
Com um dia e breviário
De fadiga e soluço
Que nos varam, translúcidos,
Com a luz dos semáforos;
Que só nos querem lúcidos
E sempre prontos
Para labuta
E o livro de ponto.

Escrever poesia
Para gente perdida,
Sem porto ou caminho,
Homens tortos,
Dos descaminhos
Para quem não há
Guia ou oração,
Via ou confissão,
Exorcismo ou escaninho,
Nenhum livro
Seja dos vivos,
Seja dos mortos.

Escrever poesia
No meio da rua
Sentindo no estômago
Queimação, azia,
Trazendo no peito
Crônico,
Ânsia, taquicardia
E a aflição
De quem fala, fala, fala
Sem ninguém
Que lhe ouça a voz e o pleito,
De quem cansa e se cala
Na multidão.

Escrever poesia,
Códice, gravura,
Xingamento e mesura,
Pergaminho no estojo,
Página e rolo
De náusea e de nojo.

Felipe Mendonça -
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