Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Poema Coletivo

Caminho e encontro
na distância incerta
As marcas eternas
da minha espera
Estão latentes a tua espera.
Sem olhar o frio que vem
Através da poeira da estrada deserta
Em rítmo lento e frenético
Ainda que o meu corpo refreie na repulsa
Vai ficar para os homens a carapuça
Dos sentimentos dos homens, mulheres incertos
Penso inusitado onde vim parar
Para onde vou e de onde vim
Não importa, mas o importante
É que estou aqui!
Meu coração equilibrante flutua sobre cores alegres
e ainda assim não quero disfarçar o que sinto.
No brilho dos seus olhos sacio a sede que brota em meu querer
e ainda assim não quero disfarçar o que sinto por você...
Assim meio brilho, meio fosco
Espalho minha semelhança
Se eu morrer amanhã
nada ficaria
Apenas das mãos de vocês
o Pó de Poesia.

(Ivone Landim, Sergio Salles-Oigers, Marcio Rufino, Iraci Jovanholi, Arnoldo Pimentel, Vicente Freire, Davi das Virgens Bragança, Ramide Beneret e Dida Nascimento)


Na noite de sábado do dia 19/12/2009 o Pó de Poesia teve a honra de reunir alguns amigos poetas no centro cultural Donana para uma poética confraternização de fim de ano. Como não poderia deixar de ser, rolou uma prazeroza roda de leitura que varou noite adentro. O poema coletivo acima é fruto deste antológico, inesquecível e agradável encontro.

O Pó de Poesia deseja a nossos leitores um Feliz 2010 e agradece as visitas, a amizade e o apoio, encerrando aqui suas atividades do ano de 2009. Saudações!!!


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Procissão

Solo
Sentado no meu pano aqui no chão enxergo o passo deste povo caminhar rumo ao tempo, procissão vai se passando.

Coro
Vai passando um a um...
Vai passando um a um...

Solo
Nos tempos mais remotos que se perdem na História de um planeta habitado por humanos está passando!

Coro
Está passando um a um...
Está passando um a um...

Solo
Em tempos mais antigos, os hebreus já escreviam as contagens, os astecas, os maias que sumiam.
Sopra o vento, espalha as cinzas vulcões adormecidos pelo tempo. É a terra que girava Galileu já me dizia.

Coro
Está passando um a um...
Está passando um a um...
Está passando homem a homem.

Solo
Sentado no meu pano aqui no chão enxergo o passo deste povo, caminhar rumo ao tempo.

(Ramide Beneret)


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O Cravo Nu


Por que tua flor rebelde
Insiste em desabrochar na minha frente?
Acariciarei-te. Oh, flor
Para te deleitares com meus mimos
Lamberei tuas pétalas
Apertarei os teus espinhos
Eu ousado zangão
Beberei teu doce-amargo néctar
E te caberei inteira dentro de mim
Até morreres sufocada
Com o calor do meu desejo
Para que assim os campos
Nos libertem e nos mostrem
A verdadeira face da vida
Pois tudo aquilo que a princípio
Não se identifica, com o tempo
Vai se deixando revelar aos poucos
Mesmo que involuntariamente.

(Marcio Rufino)

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Diante de muitos dogmas compreendidos por minha limitada capacidade humana, já enfiei meu nariz sintéticas e vãs filosofias que me levaram a lugar algum.

Já fui poeira dispersa pelo vento...

Hoje sou o pó condensado em alegria e sofrimento.

Mas não o pó vil que passa frio pela laringe e invade o cérebro, o pó da violência que corroi e elimina.

O pó vulgar que me ouvindo falar, te fez lembrar.

O que se fantasia com brilho e traz após sí o julgo da escravidão.

Falo com tesão! De um pó diferente, de uma onda mais pura.

Nem tudo é cocaína. As pessoas também ficam resfriadas.

Vou continuar respirando, metendo a napa, cheirando, indo a vera nesse pó...

De poesia.

(Ramide Beneret)

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O Homem-Peixe

Pulou para fora do aquário
Rastejou-se no carpete
Procurou um mar imaginário
Sem que ninguém soubesse.

Rolou da escada
Querendo alcançar a rua
Chegou até a escada
Saiu embaixo da chuva.

Seguiu pegadas
Deixou vestígios
Descamou-se em estradas
De delírio.

Atravessou pistas
Chafurdou na lama
Prejudicou as vistas
Machucou as barbatanas.

Mergulhou em poças
Refugiou-se no cais do porto
Esbarrou em louças
Sem nenhum conforto.

Buscou um barraco
Um pedaço de vitirne
Uma peça de teatro
Um roteiro de filme.

Um conto
Uma canção
Ficou sem ponto
Sem noção.

Nada encontrou
Nem mesmo um tema
Só se encaixou
Neste poema.

(Marcio Rufino)


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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Flores

flor da pele

flor da vida

flor de lótus

flor de lis

flores todas

não me levem

ao portal

da morte

quero os umbrais

dos templos

dos desejos

do almiscar

da menina

da esquina

Jorge Medeiros (05-12-09)




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Baleiro na CD

Só o Baleiro

que diz que me ama

na insistência

do replay do cd

a tocar pra me animar...

continuo solitário,

não como um paulistano

mas como um carioca

no fim de campeonato

torcendo pro flu

ou pro bota

pra não descer...

E o que não desce

é minha pressão

ao lembrar de suas

fotos imprudentes

expostas no celular

no cantinho

da cantina

Jorge Medeiros 05-12-09




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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Ícaro Pós-Moderno

Nem tão alto,
a ponto do Sol
derreter a cera
que me prenderia as asas;
nem tão baixo,
que as águas do mar
enxarquem-nas,
ao voo, tornando-as impróprias.

Assim quero voar!
Oclusivo desejo de libertar-me,
singrar os ares,
fugindo da dor
e das mesmices cotidianas;
escape planejado
de mim mesmo,
libertação total
das minhas dúvidas,
flerte despudorado
entre o bem o bem e o mal.

Mas, eis que não encontro cera;
eis que chove:
nuvem cinzenta e pesada
apenas sobre minha cabeça.
Também, o vento espalhou as penas,
arduamente recolhidas,
frustrando, assim, o meu acalentado intento
de tornar-me um Ícaro pós-moderno.

O que fazer então?
Quedar-me silente?
Prostrar-me em oração?
Tomar um ansiolítico?
Desnudar-me feito louco?
Em fúria, possesso,
drenar o obsesso
que me nasceu no coração?

Ou tudo isso, ainda, seria muito pouco?

- por JL Semeador

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domingo, 20 de dezembro de 2009

Bailarina

Ao abrir as cortinas do teatro
Do meio da platéia sorrateiramente
O Ébano roubou meu olhar
Seu perfume de madeira
Transpassou minh'alma
Tranformando-se em vento
Cai sobre seu corpo com
A intimidade infantil do amor
O corpo de dança encantava a multidão
A magia das pétalas de rosas
Acariciavam os jovens enamorados
E no êxtase da valsa da primavera
A chuva molhou minhas sapatilhas
A orquestra entoou a marcha fúnebre
As luzes do palco apagaram
Solitária entre as cores da sinfonia
A bailarina ficou...
Seu olhar procurou...
Mas a chuva... para sempre o levou.

(Gheysa Moura)


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Silêncio

Todo um sentimento
Resume-se em silêncio
Em silêncio penso em você
Em silêncio sinto sua falta
Em silêncio sinto o calor da sua presença
Em silêncio oro a Deus e peço graça
Para que em silêncio te ame
Ou para que em silêncio
Te esqueça.

(Silviah Carvalho)

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Um canto torto que é a vida

Ele soltou seu canto torto
Pelo mundo para cortar minha carne
Seu canto é a vida
E a vida cortou minha carne
Me deixou desesperado
Pelas veredas incertas das pessoas

Ando pelas ruas
Que se parecem um sertão
Sentindo sede de felicidade
E morrendo cada minuto
Que vivo em vão

Ele soltou seu canto torto feito faca
E meu sangue derramou
E através dos anos me desespero
Sem nenhuma saída
Apenas alucinações me cercam

Me escondo dentro de mim
Mas o espelho reflete minha aflição
Tenho medo
Se a vida me cortar outra vez
Ficarei esquecido.

(Arnoldo Pimentel)


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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Pó de Poesia na 4ª Jornada Cultural da Baixada Fluminense

À frente do grupo Ivone Landim lê seu poema "As deusas".


No dia o5 de dezembro de 2009 o Pó de Poesia marcou presença no teatro SESC de São João de Meriti, na 4ª Jornada Cultural da Baixada. Ciceronados pela stand up comedy Camila Velazques e com a participação especialíssima do maravilhoso poeta caxiense Lazana Lukata, Ivone Landim, Marcio Rufino, Jorge Medeiros, Vicente Silva, Arnoldo Pimentel, Cristiano Soares e Eduardo Costa brindaram o público com seus poemas.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A AGONIA DE VIVER SEM PODER DESFRUTAR A VIDA

Antes que os raios risquem
e os trovões soem meu corpo,
me deixem tragar o último gole de whisky
e extasiar-me de prazer na última foda.
Banhar-me no doce sal do azul do mar.
Tocar pela última vez
os espinhos das flores campestres.
Admirar a negritude brilhante
da lua crescente.
Beijar as prostitutas
sentindo pela primeira e última vez, o amor.
Dar o último suspiro
no que me restou de vida.

(Sérgio Salles-Oigers)

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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Pó de Poesia homenageia Solano Trindade.


Os poetas do "Pó" Marcio Rufino e Ivone Landim dizendo poemas de Solano.


O grupo Pó de Poesia marcou presença no lançamento do livro "Solano Trindade - poeta das artes do povo" da historiadora Mª do Carmo Gregório que abriu a semana de comemorações do "Dia da Consciência Negra" na Baixada Fluminense no dia 5/11. O evento se deu no Espaço Cultural Sylvio Monteiro em Nova Iguaçu e contou com as presenças do poeta Moduan Mattos e do grupo cultural Guetofobia.

O evento organizado pela Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial (Coppir), contou, também, com a presença de autoridades municipais, representantes de movimentos ligados à cultura afro-brasileira e africana, como o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap) e do Grupo de Estudo e Ação Social (Gestar), além do secretário municipal da Coppir, Paulo Santana.