Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Voltou?

Senti o coração estremecer
E o meu olhar brilhou com seu sorriso
Nem o cantar azul do rouxinol
Nem o brilhar dourando o som do sol
Fez assim meu sofrer ser mais preciso.

Minha alma triste foi ao seu encontro
Mas minhas mãos frias quedaram quietas
Nem sussurrei palavras vãs e falsas
Travei ao ver as suas cãs tão alvas,

Pois nem o sal das lágrimas vertidas
Somaram sóis ao seu retorno, embora.
Você voltou? Que quer de mim agora?
Esqueça o existir meu ser assim
Vou caminhar sozinha como sempre
Não posso esquecer o que sofri.

Poema de Paola Rhoden.

10 ou n - Do presente e suas minas terrestres

Sinto agora menos o cheiro do sândalo. Não pelo meu nariz, nada débil ainda. Mas porque hoje escrevo no ar fresco. Sinto o vento no meu corpo quase nu e quase choro. Choraria se isso fosse poltrona e minha tela cinema. Aqui há muita luz e de tanta quase não vejo o que escrevo. Desvio o meu olhar para não me fitar nos olhos. Não quero me constranger. Preciso fingir para mim que não estou aqui senão não escrevo. Se eu sangrasse perto de você talvez te mataria. Paro. Minha mente fala freneticamente para a mudez. Não. Minha mente fala freneticamente sobre a mudez. Meu ato falho. E não vou usar a tecla do voltar. Quero uma chuva de atos falhos. Acredito melhor ser do que uma garoa de canivetes. No próximo amigo oculto vou te dar um ato falho de presente. Aviso de antemão porque quero que você já vá escolhendo a cor. O tamanho é uma surpresa indizível... A música de fora confunde um pouco a minha naturalidade. Ouço sem querer ouvir. Ela que é repreensível fuga. Vou tentar escrever vendado. Não me posso olhar-te nos meus olhos. Seja lá o que isso queira dizer. Meu escritório é no jardim. Escritório não. Porque não te escrevo por demanda. Hoje, te amo no jardim.
Melhor assim. Hoje, me amo em flor. Pior enfim. Porque venta forte: o que dramaticamente me despetala.

Parei. Nadei no branco. Volto com o fluxo intermitente da minha urgência em ser honesto e não raciocinar. O que há por trás dos parâmetros escolares vividos, da célula familiar imposta pelo bem querer do outro que não quer ser outro só porque tem no sangue igual marca d´agua, do dito mimético do televisivo, dos desamores, da desaprovação, da falta de carinho com todas palavras quando discriminamos os palavrões e tantas outras exclamações que são nosso dom de ainda se arrepiar com o mundo... E principalmente: o que há por trás do pensamento. Tudo se imaginarmos.
E nada na morada do raciocínio: o treino do reconhecível. Olharam agora minha cara de honestidade e perguntaram se estava tudo bem. Acho que não fui reconhecido. Paro. A célula familiar insiste em invadir. Vou abrir concessão. Tão estou comigo. Na verdade abro concessão para que eles fujam. Vou cantar o número do bilhete. E vou fingir com uma corneta o apito do trem.

O claro fluxo da distorção. Como condensar os sentidos até eu cacarejar e botar um (n)ovo? Como condensar toda a tempestade quando se tem apenas um copo de água?
Arde em pequeno copo essa aguardente que é sentir demais. Acho que minha boca deveria ser no pescoço para afastá-la da face. Falta pouco. Já tenho dentes nos dedos.

Mordo e te assopra a brisa. O invisível que bagunça os cabelos e torna visível tua feiúra não fosse o pente. Não fosse o pentecostal. Que aceita teu desgrenhamento porque, caro, tu és bom. Garoa canivete. E tudo que queria te contar já se transformou em outra coisa. Fiz uma lista e até agora nada assinalei. Nado no branco. Fiz bem em transar o acaso. Teus sentidos não podem ser meu diário de bordo. Aliás diários de bordo não deveriam existir. Diário igual a regular. E não é todo dia que se tem papel, nem todo dia se fura olho com caneta. E diários são documentos passadistas. Nosso jogo aqui é o fluxo que estremece, mas não goza. Tântricamente se engole porque o presente não tem pés para fugir. O em si do presente não existe para quem se ...

Acabo de me recuperar de um susto e tenho o coração ainda raivoso. Pensei ter apagado sem querer tudo o que havia escrito. Quase deletei meu agora. Como as teclas são propícias para a auto sabotagem. Basta a mente induzir um escorregamento pelos dedos e pronto. Tudo branco. Como se auto sabotavam os escritores de máquinas de escrever?

O em si do presente não existe para um espantador de segundos. Mas quem voa? O espantalho ou o passarinho-segundo? Não. Esse espantalho espantador tem asas. E no pouso tudo voa junto. O presente não tem pés para fugir porque só saberá andar no futuro. O presente não sabe. O presente só sabe acaso. Ele cai. Por pensar saber andar, por lembrar de um andar passado ele cai. Tomba pra frente feito árvore pesada e serra. Cai porque anda sem tatear e não vê que os pés são os mesmos, mas mutáveis são as geologias de terreno que nos precedem. Cai pra frente a árvore , rola no íngreme do acaso – já é toco- e torna a cair agora fundo. Cai agora fundo no lago. E os pés são os mesmos. O presente não sabe. A idealização é a corrupção do presente. O por vir imaginado é propina para calar o segredo do acaso. Qual o segredo do acaso? Quando não se sabe desconfia-se de qualquer sapiência. Qual o segredo do acaso? O presente não sabe. O presente é sempre uma criança no devaneio de ser criança. O presente não tem pés: engatinha. E cai. Por isso corrompem o presente com propinas tão vulgares como balas tic tac. Querem calar a criança com balas. E não se fala de boca cheia, dizem os que atordoam o presente com açúcar. Quando há insegurança nunca as crianças são consultadas. Elas possuem o devaneio da verdade que não é verdade: é apenas a linguagem emergencial da franqueza do não saber. O presente não sabe.

De nada adianta o esmero técnico e os revisionismos. Assim como de nada adianta reler o todo escrito até agora em busca de alguma coesão entre mim e tu, leitor do invisível. O presente é fatal e não tem pés. Só anda quando estende os braços até tocar o chão. E o toque não se faz de mãos. O chão beija a muleta e tudo finge andar. Com braço-muleta estendido caminha o presente cambaleante; a muleta esquerda ensaia os passos que aprendeu lembrar e a direita dança os passos tolos da esperança. Leitor, entre esse mal ajambrado e cambaleante presente espantalho propinado e o mutilado presente, fico eu com o ápode acaso, fico eu com o que não tem pé. Nem cabeça. Fico eu com os mutilados das minas terrestres. Pelo gosto do tempo antes as minas do que as balas. Mesmo as de açúcar. Sobretudo as de açúcar. Sobremaneira as que calam a criança-presente por não respeitarem o seu nada saber e tudo falar. Ela vai no âmago da terra porque desaprendeu tudo da vida embrionária e intui a natureza da intuição. E a natureza da intuição é o não-pensamento, ou o pré-pensamento, caso alguém aqui faça questão do que existe. O canhão do passado por onde se mete a bala pela frente ou a traçante de verde facho luminoso do futuro? Nem um. Nenhum. Nem outro. Fico eu com os mutilados das minas terrestres. Se pisa no acaso e logo explode em sangue os pés do presente. Mas não há traumas. Nem lembranças de guerra. O presente nada sabe. E sorri um sorriso de criança que convence o mais duro passado.

Texto de Carlos Juba

Fastfood-se

Bom dia!
Qual é o seu pedido?
O nº 1, o nº 2, o nº 3,
o quatro, o cinco ou o seis?
Mc WC,
Mc marmita,
Mc x, Mc shit,
Mc pão com ovo & fritas!

Boa tarde!
Faça o seu pedido!
O nº 1, o nº 2, o nº 3,
o quatro, o cinco ou o seis?
Sunday de sangue!
Sunday de coco-late!
Coca-Cólica SEMPRE Coca-Cólica!

Próximo!
Benito Mussarela rangando pizza de mussolini
& cachorro-quente (hot-vale)
perseguindo
churrasquinho-de-gato-grego-grelhado
num desenho desanimado...

Poema de Andri Carvão