Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Par

Duas vidas tão diferentes,
Perfeitas em solidão de astro,
Conjugando-se, agora, em rota irregular
De meteorito errante, sem destino.
Essas vidas embevecidas
No laço breve dos dias e noites,
E és noite, madrugadas
De lua ensolarada,
Iluminando-te o rosto lhano
Sem sonho ou mistério,
Sem quimera ou segredo.
Em tua vida,
Todos têm pele, sabor, carícias,
O sonho insonhado, antes vivido,
Quimera transida de medo e desejo,
Segredo rasgado por leitos e veios,
Ideal feito
De seio e regaço,
De promessa e abraço
Qual árvore de pomos pendidos,
Quase todos colhidos,
Iguarias comuns de raro quotidiano.
Quão diferentes nossas vidas!
Ainda assim se uniram,
Encararam-se e, após o fascínio,
Sobreveio o estranhamento.
Uma que é pura invento,
Teoria sem experimento,
Invenção jamais provada
Pelo vento, pelo mar e os homens,
Conservada como relíquia, dor
No fundo de gavetas esquecidas.
E a tua: (invejo-a!)
A vida sem reticências,
A interrogar vetustas exclamações.
Texto bem acabado,
Muitas vezes revisto,
Escrito na tênue folha marinha das águas.
Tua vida: queimadura, cicatriz,
Gozo e generosidade.
Belo 14 Bis, Zepelin,
Mais uma vez,
Alçando-se aos ares.

Felipe Mendonça -
Todos os direitos reservados.

Enxurrada das almas...

Ainda hoje te ouço, Carlos
e, mais que ontem, Drummond,
se os olhos aprendessem a chorar
teríamos um segundo dilúvio
e esse teu poema seria levado
pela enxurrada das almas,

e durante, e após o aguaceiro,
restariam gentes,
novas gentes,
à fazer poesia novamente.

Mas não chove;
o tempo é de secura,
não há enchentes
e as ruas são vazias,
apesar das gentes.



((( Zé Carlos Batalhafam )))


Barbitúricos

Barbie no outdoor
Barbie diet-coke
Barbie no Carrefour
Barbie de baby-look
Barbie hippie
Barbie punk
Barbie vamp
Barbie vip
Barbie junkie
Barbie robô bip-bip

Barbie na Ferrari
Barbie ao celular
Barbie rastafári
Barbie super-star
Barbie kitsch
Barbie clubber
Barbie chic
Barbie freak
Barbie poser
Barbie usa aplique

BARBIE
Estrela de primeira grandeza em Hollywood
Pisou na calçada da fama e dispensou um grude
- Quem é Ken?

Barbie banho de sol
Barbie com poodle
Barbie de baby-doll
Barbie sex-symbol
Barbie Madonna
Barbie city
Barbie hit
Barbie cafona
Barbie flit
Barbie só sai à tona

Barbie de biquíni
Barbie stress
Barbie na vitrine
Barbie topless
Barbie Babel
Barbie pop
Barbie top
Barbie Nobel
Barbie stop
Barbie não cai do céu

BARBIE
Chegou com chofer num inferninho toda de Pink
Sentou cruzou as pernas e agradeceu pelo drink
- Quem é Ken?

Barbie overdose
Barbie de porre
Barbie dá um close
Barbie é um porre
Barbie fashion
Barbie flash
Barbie trash
Barbie neon
Barbie sexy
Barbie botox e batom

Barbie na maconha
Barbie puta que pariu
Barbie zen vergonha
Barbie descobriu Brazil
Barbie MTV
Barbie démodé
Barbie karaokê
Barbie bi
Barbie ilariê
Barbie olha o bem-te-vi

Barbie barbárie
Babe baby
Bi-bi
Trêbada trepada
Barbie vai ter um bebê
Diretamente da Zorra Franca do Paraguay
Para a privada da quitinete do papai

Mamãe serial-killer
Papai drag-queen

Barbie deu um pau na Suzy de robe
Não aceita dividir nem o Ken nem o Bob
Barbie deu outro pau na Suzy sem
Não aceita dividir nem o Bob nem o Ken

Nunca aceita dividir nada com ninguém

Poema de Andri Carvão.

Bragi, deus da poesia

Bragi, deus da poesia.

I
Os seus cantos as guerras entoavam,
O deus versos declama poesias;
Evocado nos gelos que inflamavam
Os mais nobres desejos. Fantasia
Dos gigantes vencidos que ensejavam
A fronteira do céu ao vir desse dia.

II
Da presença de Iduna desfrutavam
As maçãs preciosas. Dividia,
A divina, a beleza que esperavam,
Numa caixa guardada que aprazia.
Eternizam os deuses que encontravam
Juventude, a vaidade em primazia.

III
Ao seguirem maçãs, auto-invocavam
Os poetas: Verseja todo o dia
Ao lirismo que faz desse divã
O pensar numa vida, assim vadia.
Resolvendo ficar na tal maçã
Cuidará da verdade luzidia.


Poema de Yayá.