Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



segunda-feira, 28 de maio de 2012

Vidas em perigo no fogo inimigo


É o fogo inimigo
Lambendo
Derretendo a terra
O morro
A planicie
Moitas nas serras
Grito na floresta
Eitos
E mais eitos
Em chamas
O beija-flor
Um tamanduá bandeira
Denunciam
Reclamam
Clamam
Um tiziu denuncia
Aos pulos
Trancos e barrancos
Revoltado
Sentinela de beira de estrada
Revoltado por tanto crime ecológico
Aos gritos conclama
Help
Help
Uma solução
De salvação
Tem fogo na mata
No topo
Nas ciliares
Na relva
Fúria de ventos quente
Circunda malhadas
Quintais
Muralharas da china
Por ali
Ninguém cisma
Em denunciar
A vida assada
Cozinhada
Em brasa viva
E feroz língua de fogo
Queimando
Assando
Expulsando tudo
Por léguas tiranas
Onde a vista alcança
Muito bicho morto
Tem ninho queimado
Goto
Preá
Jiboia
Saracura
Macaco prego
Morcego
Tamanduá
Doidos
Sem pra onde ir
E vir
Na grota do angico
Na mata do cipó
Nas nascentes do Curralinho
No nicho do guigó
Uma cobra silva
Rebolando
Tonta com tanta fumaça
O bem-te-vi apavorado
Diz que viu
Tudo partir da li
Do aceiro mal preparado
Da queimada do canavial
La das bandas do piranji
Diante de tanta produção insustentável
Parece não se contentar
Para as repetidas denuncias
Das vidas em fogo
Uma válvula de escape se acha
Um monumento de vida
O ícone guigó da Mata atlântica
Seres e vidas da mata que matam
Devoram
Atacam
Devastam
Mal tratam
Por bem prazer e deleite
Do império da cana
No consumismo de espécie humana
Contexto macabro
Que esse modelo superado de desenvolvimento
Encarna
Quando ignora nichos de bichos e florestas
Irmanados
Em festa biodiversa



Poema de Lizaldo Vieira