Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



sábado, 18 de fevereiro de 2012

Fevereiro

Será que um dia ele vai rir de tudo isso? Quais serão os comentários póstumos direcionados à sua descendência? Seu pai era um grande homem? Seu pai era um filho da puta? Seu pai era muito louco? Mas, por que póstumos se está vivo e não tem filhos? O que o aflige, afinal? A morte do sentimento e o crescimento e rebelião do que parece inadequado? A persistência no erro? O fim de seus dias de celebração à vida? A mutilação? Ou seriam os julgamentos de uma sociedade cuja percepção quase sempre foi distorcida? Mas, o que acontece? Quando foi que sorrir se tornou um fardo? Quem roubou aquele sorriso? Ele mesmo? Para que tantos anos de autopunição disfarçada de euforia? Por que essa sede, esse apetite que nunca encontra um fim? E a obsessão pelo inadequado, de onde veio, quando tudo parecia sob controle? E toda a compaixão, alivia ou joga sal sobre sangue e carne que não são só dele? Aprisiona? Conforta? Por que o incomodam as demonstrações de afeto que se sobrepõem à barbárie? Seria a descoberta de que o amor do próximo machuca, afinal? Mas, o que tanto incomoda? O que seria esse apego insano pelo frescor de uma juventude que não lhe pertence? É o que deseja, transformar-se em deformidade e aberração, agora que já é monstro? Conviver com o incômodo que atravessa a alma e envenena os pensamentos? Há quanto não dorme direito? Mas, para que dormir senão para reviver os sons, cheiros, cores, texturas, gritos e sussurros perdidos no ar da madrugada? Quando o prazer se fundiu com a dor? Quando todas aquelas luzes foram engolidas pela sombra que, agora, estende-se por todos os pedaços de sua vida? Como pode um ego tão gigantesco ser destroçado pela rejeição e inferioridade que sempre estiveram ali? Quanto mais poderá aguentar? Qual o sentido de todo aquele sentimento, todo aquele sofrimento que não é só dele? Por quanto tempo mais o diabo o provocará com seus convites e apostas? Quando, afinal, chegarão os bárbaros? Por que amor nenhum é suficiente para aplacar o apetite insaciável pelo que ele nem sabe o que é? O que deseja? Por que deseja tanto assim? Quanto desconhece a respeito daquela natureza?Quantos miligramas são suficientes para dar fim a todas as perguntas?


Texto de Bruno Clemente Machado