Manifesto do coletivo Pó de Poesia
O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.
Creia.
A poesia pode.
(Ivone Landim)
quarta-feira, 2 de março de 2011
O afogado
(rendilhado das ondas a beijar-lhe a boca). Detentor do inerte
mistério da morte, aportou na praia em manhã radiosa, cuspido pelo mar,
como quem sonha que está a sonhar. A pálida face, emoldurada por
longos e louros cabelos; nos traços suaves, uma agonia tão infinita que
já é sublime, deste companheiro de Flebas. Que pensaste durante o
derradeiro amplexo de Netuno, atlântico abraço de acolhida em teu talvez
breve morrer? Viste o filme da tua vida, aquele verdadeiro ou uma das
muitas versões que a mente emulou da realidade? De quão longínqua terra
vieste, pergunto em dúvida ansiosa e inútil. Ninguém te conhece,
ninguem te sabe o nome, ninguém sofreu por ti, nem aqui nem ali e
nem onde? Um vôo de gaivota delineia-me os pensamentos na areia da
praia, seu canto ecoa desesperante, trazendo-me idéias-sentimentos
sombrios, medo de ter medo de encontrar um morto, de que a eternidade
me arraste para si mesma e que eu nela não me dissolva. Que poderias me
contar sobre o reino das sombras em tão radiosa manhã? Nada, apenas,
em toda a simplicidade de tua mortalidade absoluta. Bolsos repletos
de areias profundas e finas, imagino durante tua purificação pela água,
irmão de Flebas, que rendeu o seu arcaico tributo há tantos anos e eras.
Na praia a esvair-se, quase impudicamente deserta, uma menina se
aproxima e te coroa com um ramo de sargaços apodrecidos, como a
memória dos tempos. Deixo-te entregue à própria paz - que é a mesma
do lugar. Tomei da minha solidão e segui em frente.
Conto de André Albuquerque.
Obs: Flebas – Deus fenício da fertilidade .
Homenagem ao poeta T S Eliot, no 46º. ano de sua morte .
Ficção inspirada no poema “ Morte pela água “, tradução de Ivan Junqueira
em Poesia, T S Eliot – Ed Nova Fronteira – 1981 .
Prima-dona
Impreciso
Ilumina,
Reanima.
Imprevisto,
Mostra o viso,
Canta a lírica
Prometida.
Sem juízo
Vive o vinho,
Livra a sina
Solta à vida.
Sem aviso,
Seu motivo
Predomina,
Canta a rima.
Poema de Yayá