Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Minha pele
não anda mais
à flor
Minha pele é um
jardim, quase que botânico,
mas secreto
cheio de ervas daninhas,
cipós e trepadeiras
a espera de um jardineiro
diposto a ornamentá-lo.

Jorge Medeiros

Pior que isto

Eles me querem condensado
e eu me quero pior que isto.
Eu me quero pior que eles.
Porque me quero violento e eles o pacifico.

Escrevo com raiva e penso ainda pior que isto.
quero me esmurrar todo pra ver se caibo
na caixa do meu próprio desejo
mas eu escorro, sempre
no fundo e raso
gosto disso

aos interessados: ainda tenho pena!
só do que não sou eu
vitimizem-se longe de mim
não suporto ouvir nem meu próprio choro
troco de face feito um gatilho
que da arma cinza e pesada solta uma flor!

aos atrasados: o barco partirá comigo.
As minhas sirenes serão mudas.
As minhas sereias desafinadas, espantalhas de medusas!

Se virem de longe minhas mãos acenando
dêem um banho de mar para acordar suas ingenuidades!
Comemoro a fato de ter tido coragem para mentir as horas.
E, finalmente, ir só.
Forcei um atraso. A hora equivocada era um não-convite.
“-Cheguei tarde! ", um lamentaria...
E parto satisfeito olhando o cais cheio...
Gritaria com voz de lavadeira:
“Para mim tu nunca vieste, porque convidei apenas o teu equivoco!"

aos que me chamam de egoísta:
sou o mais multiplicador que conheço:
por saber pouco.
agora , se é para partilhar
comungem longe de mim
detesto ver a alegria dos outros quando dividem as migalhas entre si e pelo chão
porcos afarinhados!
Alegram-se por essa caridade ?
obrigada pela culpa ?
enquanto escondem o pão no alto
da vista daqueles que sào suspeitos
Por que cheiram como vocês!

um egoísta suscita -ismos
porque ama o singular

egocêntrico?
orbitando em mim, queimo-me menos
do que guardando a luz do sol nos meus poros
pela frente e depois pelo verso
depois ainda quando estou bem negro,
(a coloração indivisivel da noite e do lago)
rodo, danço, dissipo o calor do que há em minhas poeiras-lodo!
Mas os tolos, sempre friolentos
- certa necessidade de abrigo-
oportunamente gostam.
Oportunamente!
Quando descobrem que o quente lhe dá mais
do que esses arrepios chamados de vontade!

Egocentrífugo! E posso sê-lo!
Querem formas> massa!
Querem trabalho> o cio

Aos que brincam com a minha amizade:
estão voces mais vulneraveis ainda.
Estão perto!
Embora as armações sejam tortas
-pois o afeto assim capta o maior abandonado-
as lentes são afiadas. E de grau.

Que raiva essa mais feliz!
Confia e sorri.
Branda densidade magmática!
Uma senhora que era puta
mas nunca prostituta, nunca se prostrava!
Cristalizar essa raiva?
Seria congelar orvalhos e colecioná-los!
Quando a graça é a grama molhada...
O matinal.

Minha raiva é do vespertino tardio
do horror à buzina do pão e do sonho
E se uns temem palhaços,
eu temo pipoqueiros das saídas escolares!

querem dados os tecnonarcisistas ?
dardos lhes atiro no espelho

Sorrio, gosto de sorrir
gostando ou não de você
gosto antes daquilo que nos perpassa.
Por que a relação haveria de ser você?
a relação em si me apraz
sou linhas, linhas!
sorrio, sorrio confortável
a maciez letárgica que dá dor nas costas.

Não irei mas sanear pensamentos
em nome do asséptico
nem desligar meu curto circuito
entre volume e superfície.

Quero as minhas cadeias de pensamento!
Derreter grades e forjar pedestais-plataformas
para voar, voar!

Poema de Carlos Juba