Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Como estás, estimado amigo

eu não ando bem
envelheço
com os dias tão estranhos sujos de vida e lentos
e tu como vais
tenho saudades
dos tintos naqueles balcões vidrados
até que a mulher nos chame
por vezes a tua
noutras a minha
esta terra tem boa gente e bons tintos
e muitas inconsequências
não achas, amigo
quero saber como andas
não digas que bem
as tuas olheiras trazem metáforas
e todas elas dolorosas
eu escuto
por hábito
porque estou contigo
desde há muito tempo
que quer dizer sempre
sempre é uma palavra de amizade
por onde andas, diz-me
manda uma carta-poema-diário
como costumavas fazer
numa destas tardes
levei o meu desemprego a passear
sentei-me no cais do rio
ao pé da ponte velha
com uma lata gelada de cerveja
um pacote de pão e fatias de presunto
fiquei ali a ver o reflexo da ponte no rio de prata
lembrei-me de ti
ali a meter fatias de presunto
em fatias de pão de forma alentejano
e os turistas a olhar para mim
e eu a comer e a beber a cerveja
ainda pescas, grande amigo
robalos percas trutas
eu pesco poemas e mulheres bonitas
sozinho sempre com a companhia
dum pequeno rádio que canta coisas antigas
até as pilhas acabarem
saudades, amigo
agora vejo petroleiros
fábricas vazias na outra margem
e as gaivotas
vivemos num pais tão sossegado
será que morreu

Poema de Carlos Teixeira Luís

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