Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O pregador

Ainda cedo, o sol meio acanhado de agosto deu lugar ao vento que embaralhava nuvens e cabelos.Caminhava pela praia quase deserta,dedo em riste,o livro de capa preta debaixo do braço, fato já amarfanhado ,gravata torta,olhar orgulhoso,sobranceiro.Tentaria caminhar sobre as águas ? Não,caminhava ao léu,gritando aos ventos as maravilhas daquele livro : parava,lia e seguia em frente,uma cadencia devota.Concentrados jogadores de vôlei ignoravam os presságios da chuva e o vigor da sua oratória.Não parecia transtornado, apenas alguem que cumpria o seu papel,numa praia esvaziada de uma tarde cinzenta.Um homem na meia idade,cabelos grisalhos e assanhados em estrelada confusão em órbita da cabeça , olhar cansado e determinado,arengando ás ondas,a massa líquida a beijar-lhe os sapatos,no barulho obsequioso do mar.Isaías e a Tessalonica entre os últimos e friorentos banhistas,fugitivos da chuva e do anoitecer rastejante.Marchava contra o vento, ladeando os garis,em mansa determinação.Voz clamante na praia deserta,deu por fim a sua lida,encostou na velha barraca e ordenou uma lapada de cachaça , na profundidade bíblica de sua voz, sedenta de Deus e de aguardente.

Conto de André Albuquerque

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