Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



terça-feira, 14 de agosto de 2012

carochas, bicicletas & biplanos - 33

No dia em que deixei de escrever poemas fui à praia na sua hora fria em que as pessoas a largam e deitei-me no areal esperando o pôr-do-sol e sorvi-o momento a momento e a partir desse mesmo momento dir-se-ia mágico, decidi que a poesia não mais seria uma muleta na minha vida. Na verdade nunca o foi mas decidi que não o seria. Nunca.

Assim que cheguei a casa, violei a minha própria regra e escrevi um poema de um só take, desculpem a expressão mas pareceu-me como que filmado mais do escrito. Sempre que quero sair o clube manda um cobrador a solicitar o pagamento de mais uma quota. Chega a ser opressivo. Como qualquer cobrador sempre impõem uma silenciosa ideia de desconforto ou de que algo de perigoso nos pode acontecer e jogam com o que não sabemos. Será que nos partem as pernas se não pagarmos? Nos riscam o carro? Invadem a privacidade manchando uma certa reputação adquirida? Podem fazer isso e outras coisas até nos convencerem a pagar? A simples ideia proposta por nós próprios quando avaliamos a atitude de quem nos assedia com um dever não cumprido causa-nos terror e é dentro desse jogo psicológico que o cobrador vive. Bem, ainda estou a falar de poesia? É a poesia um clube em que não se admite sair? Por exemplo, sair para nunca mais voltar. Ou sair para voltar se houver a vontade de o fazer, com a indefinição desta mesma medida. Por vezes é encarado assim. Poeta, logo poeta para sempre. Não concordo. Neste sentido, e só neste sentido, nunca literalmente, proponho de vez em quando, espancar o cobrador e ordenar-lhe que não volte. Um ataque frontal como defesa. Talvez ele nos deixe em paz. Ou mande outro cobrador mais sólido com outra capacidade de resposta e outras ideias perversas com o fim de nos convencer a voltar ao clube. E já que entramos no jogo, com violência, que é fértil em se multiplicar até á ruptura. E ainda estou a falar de poesia?

Bem, a poesia não é algo dominável como por vezes se pretende. Vai e volta quando quer e comporta-se como um rude agiota que cobra o que não podemos pagar. Ou não é assim e devemos atribuir misticismo ou divinizar a origem do acto de criar. Temos a liberdade de escolher o que bem entendermos. Eu não faço a mínima ideia de que escolher. Vou espancando o agiota de vez em quando e espero o dia seguinte, não antevendo nada. Absolutamente nada.
Ago. 12

Autor: Carlos Teixeira Luís

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