Manifesto do coletivo Pó de Poesia
O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.
Creia.
A poesia pode.
(Ivone Landim)
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Elétrica 1 ou "Do cotidiano fantástico"
Olho para as cores da paleta. Feia mistura faz brotar quadros patéticos. Não se já falei isso. Mas além de não saber escrever, também não sei pintar. E faço as duas coisas. Elas não tem que ser. Elas já é. Elas já unas no indivisível eu. Elas onde me estouro. Elas onde sou beira. Escrever é a anti-loucura do retroceder. Alquimia de tempo. Contração e descontração para fazer caber no entre criptografadas sombras do que há por trás do pensamento. Só cheguei na sombra. Ainda. Cheiro a malva quente. Tem cheiro de guardado amargo. É como se ela por trás o velho puxasse o velho. A afinidade dos amargos, o segredo do meu corpo rompido pela voz da erva que chama. Leitor, se enlouquecesse ainda mais meu cotidiano você mais me frequentaria? Você é uma criança que gosta de casa de espelhos?
Já começo a inventar motivos para você gostar de mim. Tenho que parar. Não estou disposto hoje a inventar pensamentos. Chutei alegorias. Também quero o claro fluxo. Não quero turvar águas para ser visto profundo. Sujo não é profundo. Vago pelo desejo de ofertar minha fome em troca da sua comida. Tenho que parar. Sem inventos. Vou ver a malva. Ela tem pêlos. Num manual acabo de ler: “ quando chove estas flores choram, ou seja, libera um liquido castanho que faz nódoa na parede e no tecido”, assim falavam sobre os adornos da malva. Fiquei sem entender a parede. Ela nunca falou comigo. Malva é amiga do clima ameno.
Não queria que você me lesse para passar o tempo. Mas escrevo para passar o tempo. Faço pedidos egoístas, é bom saber. Peguei a folha pelo rabo e parecia um camundongo.
Escrever já é a tentativa maga no tempo. A malva coça reto. O velho tá puxando o velho. Amargo guardado com amargo guardado. Isso cura? Arde. A malva é teclado.
É claro o olhar de lis. O clã ri se. Gargalha se se é no it. Sabe que está comigo porque me convidei. Ela gostaria de me ver assim: escrevendo de bruço. Bruxa, teleguiava sementes.
Vou ligar o marimbondo condicionador de ar. Zumbido seguro sempre nina. Inseguro é tudo que não é robô. Homem sanguíneo, o que dirá o trocadilho? O meu sangue pesa mais agora. Penso em dormir. Ou durmo para pensar? É taça cheia, taça vazia, taça cheia, taça vazia... até me embebedar. Bêbado, acordo. Vivo trôpego do meu sono. Desperto para a vida justamente no sonho. É lá onde sou impossível e me ultrapasso. O sono é um it de morte aceita. Na vida sou imortal água-viva. Minto. Ainda me falta correntes para ser água-viva. Mas também não sou água morta. Cheira amargo. Sou dono de ostentados aromas. Não desapeguei do olho outro, sei bem. Ando pelo debaixo aquoso como se o substrato me desse arrepio. E cada arrepio é um passo. Cada arrepio, um passo. Cada... Posso ser estrela do mar? Eu respondo: sim. Já chamaram água viva de hermética bruxa, terror dos ginasiais. Só posso ser estrela do mar. E isso facilita, e muito, seu trabalho de voyeur de mim. Quero ver se você ganha do meu eu em olhar pra mim sem piscar o olho. Pronto, já piscou. Que aqui eu sou o dono do tempo.
Texto de Carlos Juba
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