Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



sábado, 14 de julho de 2012

Uma morte azul

... comprimir – lhe o pescoço em meio aquele azul estonteante , o céu como se fixado por um prego, a brisa marinha hesitando sobre um mar que seria até macio em seu azul e poemas,perceber a vida esvaindo-se e a entrega do corpo ao próprio destino , ao fim comum e desejado por nós, por ela principalmente, que não mais desejava a angústia medida do saco plástico e meus polegares a constringir - lhe a traquéia . Transfigurada , consoante ao azul maravilhoso que nos protege e envolve de cima a baixo ; o mar , arremate final da pequena morte ensaiada em tantos quartos de hotel dispersos pelo mundo , luxuriante forma adiada de morrer sucumbindo ao orgasmo convulso, á estripulia de sensualidade (o que é um nome?),a camisola de seda meticulosamente dobrada,creme sobre o corpo perfeito e macio,
- Por que não três gotas de Chanel número cinco ?.
Mesmo não sendo um homicídio (que de certa forma era) , antes suicídio consumado a quatro mãos (duas da bela assassina de si mesmo) nem assim o queria plágio :
- Não sou a Marylin
Gostosas e tépidas mãos do seu mais louco amante, disposto a ir onde os outros recuaram por não compreender que aquele morrer era um supremo gozo , inigualável porque definitivo em seu impacto de vagalhões de prazer a submergirem o seu corpo, azul da cor do mar, entre aquelas tão pequenas ilhas, onde tudo isso poderia ser um filme (nós e apenas o sol por testemunha) mas o sol não era nada, apenas figurava naquele equador , no esvair-se da vida comum para a liquidez que dissolvendo, acrescenta-nos ao todo maior.Então lembrei da primeira vez que me ordenou o suplício,aquela pequena introdução á asfixia, em meio ao gozo, sacudida e inundada por mim , aríete e fonte , a serviço do tesão infinito, multiplicado á cada compressão do pescoço sedoso, luzidio ,untado,perfumado e cheirando a sol , minhas mãos deslizando na mesma cadencia em que lhe percutia o interior, a caminho do prazer oceânico , seguido do largo e profundo sono dos amantes .
Então , que o mar te receba , azul em todo resplendor que um veranico poderia nos oferecer ; agora toda inércia e serenidade, atingiste o teu nirvana ; percebo o sangue nos meus braços lanhados por tuas unhas que apenas eu sei resultado do prazer supremo , não do medo nem do tolo apego á vida que sempre censuraste , pois toda maneira de amor vale a pena ; entre nós, a vida tangenciando a morte anos e anos ,em que te completava e seduzia, pelas mãos mais fortes e precisas já vistas nas tuas andanças pelo mundo . Descobri a proximidade de viver e findar-se , no momento do gozo , onde morremos para nós mesmos e para o mundo na brevidade casual e humana que nunca te satisfez. Escolheste hoje, o gozo supremo , sob este céu sem nuvens e um sol agora meio escorregadio para a curva do horizonte,deslizando,como indo ao teu encontro, no cemitério marinho .
Ligo o barco ,faço- o descrever um adeus em larga e preguiçosa parábola ; sigo sem olhar a esteira do meu caminho , vezo e sina de vida breve .

Conto de André Albuquerque


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