Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



segunda-feira, 18 de junho de 2012

carochas, bicicletas & biplanos - 14

Faz um poema. “Faz um poema.” Nada mais se pode dizer a um poeta. É inútil as recomendações, faz um poema disto e daquilo e que tenha isto e aqueloutro. Que faça sentido, seja bonito ou que se perca em divagações e surrealismos. Perfeitamente inútil. “Retira-lhe o desperdício e os floreados. O que fica?” Liberta o haikai que há em cada poema. “Retira-lhe o tema. O que fica?” Fica o haicai da própria essência. Não é o tema um condicionador do poema? Um defeito e uma fragilidade? “Retira-lhe a autoria. O que fica?” O poema da árvore, como podes dizer que és tu o autor e não a árvore diante de ti. “Espreme-o, deixa a essência – a poesia, a mensagem, se a houver, ou o momento, ou a ideia. O que fica? Espreme-o mais um pouco – algum suco sairá. Agora refina-o e purifica-o. Deita fora a escória, não a aproveites. O que fica?” Um novo haicai liberto de sílabas, como uma oliveira e a sua sombra. “Não sabes classificar o que fica? Óptimo. Fizeste poesia.” Não é a poesia o indizível dentro das coisas. Um dia o indizível torna-se discernível e claro. E termina o poema. Passa a ser outra coisa. “Agora dá a ler. Como reagem? Gostam? Estranham? Conseguem ler até ao fim, agarrados ao poema? Como se sentem os que leram? Estranhos? Com dúvidas e interrogações?” Óptimo amigo. Espalhaste poema no espírito alheio. “Desconfia dos que apenas gostaram.” Foge, diria. “Não perceberam e não lhes merece atenção suficiente para se esforçarem a perceber.” Foge dos que fogem do poema, desistindo poema a poema. “E um poema não se percebe. Apenas acende qualquer coisa em nós que nem sempre identificamos.” Chamada coisa que se acende. Se tivesse nome não faria poema. “Para contar uma história escreve um romance. Para contar um episódio ou um momento escreve um conto.” “Um poema é mais e é menos do que isso. Escrevemos um poema para descobrir o que queremos. E vamos sempre escavando mesmo que não encontrando nada.” Simplista a ideia de que o poema nos serve. Pode ser substituído por qualquer outra coisa. “Apenas temos de continuar a escavar. Um poema faz-se enquanto se trabalha e por vezes arduamente. E escreve-se depois. É mais digno para o poema assim.” Viver o poema, antes. Assassina-lo e enterra-lo. Desde que gere os seguintes. “E agora? Bem, agora, meu amigo, faz o teu próprio poema e dá-me a ler, se achares por bem.” Ou faz outra coisa qualquer.
12 Jan. – 18 Jun.


Autor: Carlos Teixeira Luís

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