Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



terça-feira, 12 de junho de 2012

carochas, bicicletas & biplanos - 5


Gostou dos personagens zangados. E dos que envelhecem e são irascíveis. Quando envelhecer… Quando envelhecer mais, vou ser assim: maldisposto e insolente. Posso muito bem não ser capaz. Mas tentarei. Uma bengala e umas cãs darão uma ajuda. Bem as cãs… Falta a bengala. Feita de pau-teimoso-e-rezingão. Então a vida valerá a pena. Afaste-se que eu vou passar. Vá, despache-se.

4 Jan.

Quer dizer que este senhor norueguês que escreve brilhantemente os seus contos e outros escritos, era um perfeito desconhecido por não haver quem o traduzisse, o que é pena e esta frase já está muito grande. Kjell Askildsen, nascido em 1929, premiado autor – comparado a Raymond Carver e também a Beckett (descubram porquê) não tem frases assim, grandes e com desperdício. Escreve o que é preciso e chega. Simples? O tanas. As suas personagens, cruzamo-nos com elas todos os dias – gente. Tu e eu. Velhos e novos. Doentes e saudáveis. Sóbrios ou nem por isso.

5 Jan.

Dois homens estavam à espera de um outro. Que chegou já de madrugada. Receberam-no perto da luz dum cadeeiro de rua e as sombras de uma grande árvore. Abraçaram-se e atravessaram uma grande avenida. Foram esperar uma mulher num bar dum velho teatro. Sabiam que estava aberto o bar, só para eles. Instalaram-se a um canto bebericando os seus portos. O dia chegou e a mulher não.

9 Jan.

Empurrou a mulher pelas escadas abaixo e chamou a polícia. Amava-a mas não a suportava. A polícia chamou a ambulância e levou a pobre mulher. Já não a suportava, repetiu o homem algemado a entrar no carro de polícia. Não mudou de argumento e ficou preso. Ninguém se lembrou do gato. Esse saltou a vedação e entrou na cozinha da velha senhora da casa ao lado. Aninhou-se num alguidar cheio de roupa lavada. A velha senhora sorriu:
- Estás em casa, gato…

10 Jan.


Autor: Carlos Teixeira Luís

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