Manifesto do coletivo Pó de Poesia

O Poder da Poesia contra qualquer tipo de opressão
Que a Expressão Emocional vença.
E que o dia a dia seja uma grande possibilidade poética...
Se nascemos do pó, se ao morrer voltaremos do pó
Então queremos Renascer do pó da poesia
Queremos a beleza e a juventude do pó da poesia.
A poesia é pólvora. Explode!
O pó mágico da poesia transcende o senso comum.
Leva-nos para um outro mundo de criatividade, imaginação.
Para o desconhecido; o inatingível mundo das transgressões do amor
E da insondável vida...
Nosso tempo é o pó da ampulheta. Fugaz.
Como a palavra que escapa para formar o verso
O despretensioso verso...
Queremos desengavetar e sacudir o pó que esconde o poema...
Queremos o Pó da Poesia em todas as linguagens da Arte e da Cultura.
O Pó que cura.
Queremos ressignificar a palavra Pó.
O pó da metáfora da poesia.
A poesia em todos os poros.
A poesia na veia.


Creia.


A poesia pode.


(Ivone Landim)



sábado, 7 de setembro de 2013

Deusorixás



De repente
Surgem no território
Da minha mente
Os deusorixás
Que são fruto do amor
Dos deuses gregos
Com os ancestrais iorubás

Mítico cenário
Afro-arcaico
Que em seus ritos
Oferecem-se
Plantas, bichos
E até os próprios filhos

Entre guerras e sedições
Domínios e libações
Entre o irracional e o lógico
Entre o real e o mitológico
Há a necessidade
De se deflorar
A origem de todas as coisas
De definir o princípio
De tudo que se vê

A dificuldade de
Se reconhecer
No que não se entende
O desejo de intuir
O que não se pressente

Brasil,
Casa euro-africana
Acolhendo aristocratas,
escravos e estrangeiros
Em suas entranhas

Sangrando
A complexa narrativa
Fecundando
A herança corrosiva
Da mistura

Mitos mulatos
pululam de céus, ilhas e campos
De templos e terreiros
Abençoam e espraguejam
Nas cidades, favelas

E nas bocas dos formigueiros
No limite
Entre a ferida e o pus
Vingando a morte
De oráculos e vudus

Fazendo amor
Com deuses
E mortais
Com pessoas de carne e osso
E seres irreais
Cercados por
Pomba-giras e sátiros
Ninfas e arcanjos malandros
Que brindam
Com o vinho de Dionísio
E o sangue de Oxalá-Cristo
O limite
Entre o santo e o profano

E de repente
Surgem no território
Da minha mente
Os deusorixás
Que são fruto do amor
Dos deuses gregos
Com os ancestrais iorubás

Marcio Rufino

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